Um leitor fora da caixa usa tudo o que tem à mão. A voz alta e baixa, braços e pernas e olhos, ritmos rápidos e lentos, repetições e silêncios, sons normais e esquisitos, e até o papel pode fazer de leque ou de pandeireta. O que é preciso é dar vida à leitura, é deixar que as letras façam sair de dentro de nós aquilo que temos cá dentro. Com amigos, com timidez e ousadia, com concentração, mas com descontração.
MÉTODO: O maestro conversa e propõe os jogos-exercícios e depois, todos juntos ou em grupos, fazemos pequenas orquestras ou uma orquestra gigante. É o salve-se quem puder, é o rebentar a caixa da leitura, é a pura alegria expressa em formas alfabéticas.
Mas antes há jogos-exercícios de aquecimento, relaxamento e concentração. Depois são distribuídas cópias para outros jogos onde são experimentadas estranhas variantes de leitura. E há sempre lugar para o improviso, algo que se inventa a propósito de alguma coisa que alguém disse na altura, o que cria aquela energia de momento único e irrepetível. O tempo passa a voar. Os professores (se os houver) levam muitas ideias para tentar pôr em prática. As crianças levam uma experiência de leitura que não está associada a seca, a avaliação, a obrigação. Está associada a experiência, liberdade, diversão, companheirismo. E quando chegam ao palco há um clic que acontece, uma mudança de dimensão. A leitura e a poesia entraram no coração.
O QUE FICA: É inútil tentar forçar as crianças a gostar de ler. O que passa para elas não são os argumentos do mediador de leitura. O que passa é a energia do mediador. Elas sentem isso. Se é forçado ou desapegado. Elas captam a essência: se aquilo é para elas mesmas se poderem experimentar a si mesmas ou se aquilo é para cumprir as regras que alguém está a tentar impor. Não chegam as boas intenções, são precisas boas práticas e bons ambientes, onde elas possam experimentar a liberdade de fazer o que lhe apetece, com palavras e com amigos.
Condições de acesso: acesso livre, cumprindo as normas da DGS.